Transmissão na quarta-feira, 10 de junho, 21h30
Para assistir: www.esmae.ipp.pt/revisitar-palco-thsc
Espetáculo para maiores de 12 anos.
Duração: 60’ (aproximadamente)
MIL SETECENTOS E CINQUENTA E CINCO seguido de O TIO MÁRIO VAI AO CINEMA
"Por estes dias, não fora a pandemia que se abateu sobre a nossa liberdade e deveríamos estar a ensaiar a ÓPERA REAL, agora nas suas quatro partes, que conta a história daquelas duas famílias que o Jorge Louraço Figueira inventou, e que viajam através do tempo neste invólucro milagroso que é o espectáculo, mais ainda agora quando ele nos está interdito, no decorrer de uma viagem épica de que somos, os espectadores, testemunhas preferenciais, uma vez que viajamos em paralelo com elas.
A estas duas famílias, a dos que cantam e a dos que falam, haveriam de juntar-se umas quantas famílias mais, os que tocam um instrumento - coisa fora do corpo, apêndice ao corpo - e outros que falam a língua das tantas outras áreas: luz-som-cenografia-figurinos-direcção de actores-produção…
Por estes dias deveríamos ter já entrado na terceira semana de trabalho, o texto já deveria estar erguido do chão do papel, os corpos já estariam a começar a descobrir os caminhos da história, a percorrê-los com a dificuldade dos primeiros passos, um pé ante o outro pé, o desequilíbrio ajustado ao desejo, a caminho dos primeiros dias de julho quando, no Teatro do Campo Alegre, revelaríamos este mundo fantástico que teríamos inventado.
Nesse momento, daríamos conta ao mundo da existência de um conjunto de actores e cantores e designers e músicos de excelência, prontos para ajudar à mudança que se precisa operar no território das artes performativas portuguesas.
E, infelizmente, não estamos.
Ainda assim, podemos, nesta ocasião, visitar a experiência que realizamos no ano passado, quando tínhamos estudado duas partes das quatro musicais, metade da maçã que mordiscámos, para lhe perceber o sabor e o sumo.
E que mostramos agora na frieza do palco virtual.
A história começa em 1755, quando Lisboa e o seu teatro de ópera novinho em folha, a Ópera do Tejo, ainda a cheirar a tinta e novidade, é abalada pelo terrível terramoto e consequente tsunami que o destruiu e, com ele, milhares de vidas, directa ou indirectamente abalada por ele. Esta parte musicada por Telmo Marques.
Na segunda parte, composta por Carlos Azevedo, assistiremos a um outro momento trágico do edifício teatral quando, por todo o país, inúmeros teatros se transformaram em cine-teatros, apresentando os apelativos filmes educacionais, mais conhecidos como filmes pornográficos.
Entre estes dois episódios, há 222 anos de intervalo.
…
E agora?
Entre a apresentação da obra ainda em estudo no ano passado (1755 e Tio Mário Vai ao Cinema, títulos encontrados para referenciar as duas quartas partes da obra), e a apresentação na ópera na sua gloriosa globalidade, tal qual a sonhámos tantos e durante tanto tempo, quanto tempo passará?"
António Durães
Música – 1755: Telmo Marques; TIO MÁRIO VAI AO CINEMA: Carlos Azevedo
Libreto – Jorge Louraço
Encenação – António Durães
Direção Musical – Luís Carvalho
Direção Artística - António Salgado
Movimento – Cláudia Marisa
Design Luz – Rui Damas
Cenografia – Hélder Maia
Figurinos – Filipa Carolina
Assistentes de Figurinos – Inês Sanches e Rita Moniz
Direção de Cena - Sónia Barbosa
Sonoplastia – José Prata, Carlos Rebelo
Registo Vídeo e Som - Carlos Filipe Sousa, Elisabete Moreira e Renata Lima
Produção Executiva – Tiago Miranda Baptista
Direção Vocal – António Salgado e Rui Taveira
Produção – António Salgado e Jorge Alves - Ópera Estúdio da ESMAE e Pós-graduação em Ópera e Estudos Músico-Teatrais
Operação de Som - Carlos Rebelo
Operação de Maquinaria - Mariana Barros
Operação de Luz e Edição Vídeo - Sérgio Vilela
Design Gráfico - Gabinete de Comunicação da ESMAE
Colaboração - Departamento de Música e Departamento de Teatro da ESMAE
ELENCO
1755
Embuçado/D. José I – Carlos Meireles
Donato – Sérgio Ramos
Padre – Francisco Reis
Belmiro - Alberto Villas-Boas/Gustavo Queirós
Federica –Adriana Maeda/Crislaine Netto
Mariana Paupério – Gabriella Florenzano
Brida Paupério – Teresa Queirós/ Maria Mendes
Sabina Paupério – Beatriz Ramos
Frida Paupério – Rafaela Monteiro/Alexandra Almeida
Salvador – Fábio Soares
João Mudo - Gustavo Queirós/Clemente Hernandez
TIO MÁRIO VAI AO CINEMA
Vítor Mariano (Baixo) Realizador – Francisco Reis/Clemente Hernandez
Tânia Paupério, Gémea de Vânia, Modelo e Atriz – Cristina Repas/Rita Morais
Vânia Paupério, Gémea de Tânia, Modelo e Atriz – Íria Árias
Zézinha Paupério, Modelo e Atriz, muito parecida com Joana – Inês Margaça
Milu Ricci (Soprano) Cantora da Rádio – Raquel Mendes/Luiza Lima/Raquel Monteiro
Pêpê Ricardo (Tenor) Playboy e ator – Alberto Villas-Boas/Gustavo Queirós
Ana Ricardo (Soprano 1) Gémea de Maria, Farmacêutica, mãe de Joana – Crislaine Netto
Maria Ricci (Soprano 2) Gémea de Ana, Professora, mãe de Sara e Mariana – Márcia Azevedo
Sara Ricci (Soprano) Gémea de Mariana, Estudante – Maria Mendes/ Teresa Queirós
Mariana Ricci (Soprano) Gémea de Sara, Estudante – Alexandra Almeida/ Teresa Casaca
Joana Ricardo (Soprano) Estudante, parecida com Zezinha – Federica Miranda/Beatriz Ramos
Tio Mário Magno (Baixo-Barítono) Produtor – Sérgio Ramos
Tio Chico (Barítono) – Abade Franciscano – Fábio Soares
Religiosa 1 e Freira 1 (Soprano) – Rafaela Monteiro
Religiosa e Freira 2 (Mezzo-soprano) – Gabriella Florenzano/Jacinta Albergaria
Ensemble Contemporâneo da ESMAE
Violino I - Alexandra Camboa
Violino II - Afonso Almeida
Viola - Leonel Andrade
Violoncelo – João Geraldo da Silva
Contrabaixo - Sara Ribeiro/Raquel Narciso
Flauta - Bruno Silva
Oboé - Filipa Vinhas
Clarinete - Iara Alves
Fagote - Beatriz Cunha
Trompa - José Pedro Bola
Trompete - João Oliveira
Trombone – José Luís Rosas/Ana Filipa Santos
Percussão - Manu Beobide/Daniel Araújo
Piano - Carlos Lopes
SINOPSES
1755
Um teatro em ruínas
1755. O terramoto arrasa a Ópera do Tejo. Um dos cantores líricos procura desesperado o seu melhor casaco. Os músicos e cantores chegam para ver tudo arrasado e deparam com um bando de saltimbancos a roubar a roupa que sobra dos guarda-roupas, em especial sapatos, para vender, e as telas dos cenários, para armar as suas tendas. São liderados por uma matriarca, Mariana da Enxovia, visivelmente grávida. O rei, que vinha incógnito para um rendez-vous com a cantora lírica Federica Ricci, fica para avaliar os estragos e promete erguer um novo teatro no mesmo lugar. Entretanto, com o esforço, rebentam as águas de Mariana da Enxovia. Federica, a prima donna, socorre a grávida. São dois gémeos saudáveis. Mas Mariana morre depois do parto. Federica Ricci fica com uma das crianças, e um dos saltimbancos, Donato Paupério, com o outro.
TIO MÁRIO VAI AO CINEMA
Um cinema decadente
1975. A revolução trouxe a democracia a Portugal, incluindo ao norte do país, conservador e católico. No cinema São João, toda a família Ricci se junta para assistir à estreia do filme erótico realizado por João Ricci. Lá fora, um grupo de freiras apela ao boicote. A família escandaliza-se ao ver que os mais novos entram no filme como atores e atrizes, e querem impedir a estreia. Logo descobrem que aqueles rapazes e raparigas coincidentemente muito parecidos com eles, não são da família Ricci, mas antes da família Paupério. É então que concluem que todos são primos uns dos outros. A estreia é abençoada pela presença de um tio, frade franciscano, pregador da teologia da libertação e da lei do amor acima de todas as coisas.