Em plena pandemia, e de modo a construir cabedal técnico e consciência na arte de dizer, um saber que valorizará a sua arte principal (a de cantar), os estudantes de todos os graus da UC INTERPRETAÇÃO CÉNICA, classe de CANTO, foram desafiados a ocupar uma parte do seu tempo em sessões colectivas e individuais (as previstas no ordinário mapa de aulas e as outras acrescentadas), refectindo sobre poetas e poemas que falam de uma ideia de Pátria (a primeira experiência teve tema no 25 de abril), tentando encontrar as formas mais justas de os comunicar, fugindo o mais possível ao lugar comum, à música mais óbvia: eles nas palavras, eles nos poemas, eles nas ideias, eles no corpo do poema, eles no sopro vital da poesia.
Deste trabalho resultam um conjunto de 25 poemas, episódios únicos de uma novela radiofónica que fala da Pátria, que tenta perceber através de poetas tão diversos como Jorge de Sena, Alexandre O’Neill, Fernando Pessoa, etc, alguma coisa sobre ser-se português, mas que também reflecte sobre outras nações, ou não fossem os alunos provenientes também da Galiza ou do Brasil (Rosalía de Castro, Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, entre outros).
Para enquadrar todos os episódios desta novela, extraímos da pena (e mão) de Luís Pipa e do seu My Beautiful Blue Country (uma rescrita de “A Portuguesa”), os acordes aquáticos, desanimados e vencidos que necessitavamos, numa espécie de genérico recorrente.
E assim, chegámos aqui.
António Durães
25 POEMAS QUE FALAM DA PÁTRIA
BEATRIZ SOUSA diz A PRECE de Fernando Pessoa
ANA ROSA diz o PRIMEIRO POEMA DA MENSAGEM de Fernando Pessoa
BEATRIZ SOUSA e ANA ROSA dizem PORTUGAL de Alexandre O'Neill
LEONOR FIGUEIREDO diz MAR PORTUGUÊS de Fernando Pessoa
LEONOR FIGUEIREDO diz JÁ FOSTE RICO E FORTE E SOBERANO de Saúl Dias
PATRÍCIA GONÇALVES diz PÁTRIA de Sophia de Mello Breyner
JACINTA ALBERGARIA diz O INFANTE de Fernando Pessoa
BEATRIZ RAMOS e JACINTA ALBERGARIA dizem SAUDADE de José Luís Peixoto
RITA MORAIS diz E DE NOVO, LISBOA... de Alexandre O'Neill
RITA MORAIS diz o SÉTIMO POEMA DO PORTUGUÊS ERRANTE de Manuel Alegre
TERESA DOS SANTOS diz um excerto de PORTUGAL de Guerra Junqueiro
IRIA ARIAS diz ADIÓS RÍOS, ADIÓS FONTES de Rosalía de Castro
INÊS MARGAÇA diz NEVOEIRO de Fernando Pessoa
INÊS MARGAÇA diz CARTA A SOPHIA de Manuel Alegre
RAFAELA MONTEIRO diz PORTUGAL de Jorge Sousa Braga
GUSTAVO QUEIRÓS diz TROVA DO VENTO QUE PASSA de Manuel Alegre
FÁBIO SOARES diz AUTO-RETRATO PORTUGUÊS de Miguel Torga
ANA ALMEIDA diz SEGUDO POEMA DO PORTUGUÊS ERRANTE de Manuel Alegre
MARIA MENDES diz FADO PORTUGUÊS de José Régio
CLIFF PEREIRA diz LISBON REVISITED de Álvaro de Campos
JOANA COSTA diz PORTUGAL FUTURO de Ruy Belo
MARIANA GOMES diz NO PAÍS DOS SACANAS de Jorge de Sena
ANDREIA SOUSA diz A PÁTRIA de Olavo Bilac
DOUGLAS NASCIMENTO diz CANÇÃO de Cecília Meireles
CARLOS MORAIS diz E AGORA, JOSÉ? de Carlos Drummond de Andrade
Notas técnicas:
Estes poemas foram gravados em casa de quem os diz.
Indicativo a partir de My Beautiful Blue Country de Luís Pipa.
A sonorização é de António Durães.