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Publicado em: 29 Abril 2020

Revisitar o palco do THSC

Artistas da Fome. Transmissão em 29 de abril, 21h30. Espetáculo apresentado no THSC em dezembro de 2017
Baseado em textos de Karl Valentin
Encenação de António Durães e Cláudia Marisa
Canções de João Lóio
Direção musical de Carlos Meireles e Luís Duarte

Alunos do 3º ano do Curso de Teatro e do Curso de Música (Canto, Instrumento e Jazz), participação dos alunos da Pós-graduação em Ópera e Estudos Músico-Teatrais.

Esta espetáculo subiu ao palco do Teatro Helena Sá e Costa nos meses de novembro e dezembro de 2017

Para assistir: www.esmae.ipp.pt/revisitar-palco-thsc

Aceder à folha de sala do espetáculo (pdf)...

ARTISTAS DA FOME, titulo retirado de um dos textos de Karl Valentin, resulta da colaboração dos departamentos de Música e Teatro da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo e da sua comum vontade de fazer, pelo menos em parte, caminho juntos. 
Naquele ano foi Karl Valentin o veículo, com o seu teatro musical burlesco, catastrofista, desesperadamente irónico.
 
Assim, ARTISTAS DA FOME foi a soma de muitas vontades: desde o terceiro ano do curso de teatro no âmbito da sua quarta produção, até à classe de canto (que atravessa todos os anos e níveis de formação), passando por um ensamble de músicos ágeis, acrobatas e competentes, a fazer ao vivo rasantes voos que nos empurraram para um processo de contaminação artística que desejámos que frutificasse. 
 
Algumas peças breves de Karl Valentin, algumas canções de João Lóio (ex-docente da escola) e uma ideia (vaga) de teatro de revista, foram o cimento desta proposta: Karl Valentin, que atravessou as duas guerras, foi a ignição de uma brigada rápida de activismo espectacular que, através dele, tentou repensar a arte.
 
E, depois, visto a esta distância, não podia ser mais profético, o titulo deste espectáculo. Como se antecipasse o momento que hoje vivemos, expondo a classe artística (é nessa que penso especialmente) às fragilidades da sua condição e natureza. Fragilidades que, aparentemente, com insistência militante, não se querem alteradas, obrigando os artistas (os destas artes e todos os outros, com brevíssimas excepções) a habitar a margem da dignidade, enredados numa teia de onde não podem sair, incapazes de dar a volta ao texto. Hoje como no tempo em que Valentim viveu.
 
Karl Valentim, excelso autor dramático alemão da viragem do século (do dezanove para o vinte), e também actor, e palhaço, e cineasta, e produtor, e músico, e compositor, e construtor de instrumentos musicais improváveis, etc, sendo o autor escolhido para a viagem que fizemos naquele final de ano lectivo, foi o veiculo que nos levou naquele carrossel insano no palco do Teatro Helena Sá e Costa.
 
A sua escolha resultou de vários enunciados: porque tem uma estrutura estilhaçada de pequenos textos – às vezes mais longos, que também utilizámos – articuláveis entre si; porque permite incluir os alunos com um grau de exposição semelhante; porque é dolorosamente divertido; porque nos enreda nas teias da linguagem e, sobretudo, na sua literalidade labiríntica; e porque dá espaço a uma estrutura musical, seja o cabaré de tradição alemã, seja a que quisemos utilizar, colocando os textos, a música e a coreografia ao serviço de um espectáculo que queria citar (arremedar?) a Revista à portuguesa.
 
O resultado foi esta fome: de viver, (digo) de sobreviver, pensando que se o teatro (o espectáculo, grosso modo) fosse obrigatório, tínhamos a nossa (desgraçada) situação resolvida.

António Durães



 

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