A oitava edição das Dramaturgias Itinerantes//Dramaturxias itinerantes chega em novembro com duas propostas que reforçam o diálogo teatral entre a Galiza e Portugal. Este ano, o projeto apresenta ‘As que limpan’, da companhia galega A Panadaría, e A morte da sereia’, da dramaturga portuguesa Inês Filipe.
Os espetáculos terão lugar a 10 de novembro, no Centro de Cultura Politécnico do Porto, às 16h00, e a 11 de novembro, na Escola Superior de Arte Dramática da Galiza, em Vigo, às 17h00.
Desde a sua criação, as Dramaturgias Itinerantes mantêm o propósito de valorizar e dar visibilidade à escrita dramática contemporânea feita por mulheres de ambos os lados da fronteira. O projeto, promovido pelo Consello da Cultura Galega, pelo Instituto Camões, pela ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo e pela ESAD da Galiza, propõe a apresentação de leituras dramatizadas, conversas com as autoras, e também a publicação digital dos textos, permitindo que as obras cheguem a novos públicos e que se perpetuem para além do palco.
Nesta edição, o fio condutor volta a ser o olhar das mulheres sobre a sua própria realidade. Tanto a companhia A Panadaría, com a sua sátira social ‘As que limpan’, como Inês Filipe, com a simbólica ‘A morte da sereia’, exploram as tensões entre género, poder e tradição — temas que atravessam fronteiras e épocas.
'As que limpan', assinada por Areta Bolado, Noelia Castro e Ailén Kendelman, parte do humor e da interação direta com o público para denunciar a precariedade laboral das camareiras de piso nos hotéis. Um espetáculo irreverente e político que transforma o riso em ferramenta de resistência.
Em contraponto, 'A morte da sereia' revisita 'A Dama do Mar', de Henrik Ibsen, reinterpretada à luz de Susan Sontag, num jogo de metateatro que interroga as convenções familiares e as imposições sociais sobre o corpo e o desejo feminino.
Ambas as obras partilham uma mesma força motriz: a denúncia da opressão que limita a vontade e a autonomia das mulheres, quer no trabalho, quer nas relações pessoais. As autoras convidam o público a refletir e, no caso de A Panadaría, a tomar posição, perante uma realidade que continua a exigir transformação.
As Dramaturgias itinerantes/Dramaturxias itinerantes afirmam-se como um espaço de cooperação cultural transfronteiriça, unindo instituições, escolas e criadoras num movimento de renovação do panorama dramatúrgico ibérico.
Esta colaboração constante entre o Consello da Cultura Galega, o Instituto Camões, a ESMAE e a ESAD da Galiza é essencial para manter viva esta ponte criativa entre o Porto e Vigo — uma viagem que, a cada edição, continua a reinventar a arte de dizer e escutar em cena.
Programação
10 de novembro – 16h00
Centro de Cultura Politécnico do Porto (Praça do Marquês de Pombal, 94 – Porto)
11 de novembro – 17h00
Escola Superior de Arte Dramática da Galiza (Rúa da Poza Cabalo, 1 – Vigo)
 Programa: Folheto (PDF)....
| A MORTE DA SEREIA Direção artística da leitura encenada: Cláudia Marisa Intervêm: Cristiana Castro e Tiago Ribeiro Criação sonora: Nuno Tudela Produção: ESMAE do Porto Sinopse 1895. Uma jovem sereia resgata um marinheiro no meio de uma tempestade, apaixonando-se profundamente por ele. Com um simples beijo, a sua barbatana transforma-se em duas pernas e ela fica de imediato presa a ele por um feitiço, para todo o sempre. O par amoroso, Luísa e Leonel, vê-se confrontado com uma difícil decisão - ficar em terra ou partir para o mar. Quem terá de ceder e abdicar da vida que conhecia até então? Como é que as personagens da peça A Dama do Mar, de Henrik Ibsen, encenariam este espetáculo? Essa é a proposta desta sequela, em que assistimos às dinâmicas de poder e persuasão dentro e fora de palco. Resta saber que final será escolhido para terminar a história de amor de Luísa e Leonel. Todos temos algo a dizer. Cada um com a sua perspetiva. Mas no fim, num duelo entre a vontade e o dever, é a sereia quem terá de decidir. | AS QUE LIMPAN Equipo de dirección e espazo escénico: Noelia Nuño e Dani Pregal (posta en escena) e Ana Molares (espazo escénico) Dirección da fala escénica: Cristina Domínguez Dapena Interveñen: Juan Diego Comesaña, Nuno Couso Bermúdez, Silvia Fernández García, Xiana González Pico, Sabela Pereira Rodríguez, Dani Vicente Ferreira Produción: ESAD de Galicia Sinopse O presidente vai visitar un hotel de luxo nunha elitista illa de veraneo en Galicia, rexentado por un empresario corrupto. Nesta situación, cargada de tensións e contradicións, a peza explora, con intelixencia e frescura, a problemática real das camareiras de piso. A través do humor, a ironía e áxiles gags, o espectáculo dá voz a mulleres invisibilizadas que sosteñen co seu traballo un sector enteiro mentres reclaman condicións dignas e respecto. Ademais de denunciar, a peza convida á reflexión sobre a fenda de xénero nos traballos de limpeza e coidados, feminizados e marcados pola precariedade. | 
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